Como foi o nosso Festival Literário na opinião de um dos jurados – David Massena:
Querida Jean,
ainda sob os efeitos da FLINF – A FESTA LITERÁRIA DE NOVA FRIBURGO, tive a alegria de, na última quinta-feira, 20, participar, honradamente, do júri do Concurso Literário do CNSD.
Estar com vocês, não bastando a acolhida sempre generosa, que afaga a alma e nos furta da existência das coisas rotineiras, dando-nos colo; ainda me remeteu a um passado próximo em que meus filhos germinaram como seres, capacitados que foram para o enfrentamento e as escolhas, o que acalenta, causando bem estar e paz pela escolha compartilhada.
Confesso um certo” maravilhamento” diante do que vi. Sobretudo o comprometimento dos alunos, sem formalidades, envolvidos, a todo instante, com o espetáculo que logo se iniciaria, fruto visível de uma relação de parceria e respeito.
É evidente que a escola abriu o coração, é claro que há algo de novo nos caminhos escolhidos em tempos tão difíceis de um Brasil que grita por mudanças. Nítido que há mais amor do que obrigações nessa relação. Uma nova escola que dá voz às linguagens diversas sem fugir do seu papel social, uma escola que traz as ruas, os mundos e suas diferenças para dentro de si como argamassa fundamental na construção desses alunos, sem esquecer da individualidade e da privacidade das escolhas de cada um.
Ouvi vozes. Li vidas tão jovens que clamam ecos. Percebi quereres e me defrontei com saberes ávidos por partilhamentos. A riqueza da literatura é a implicitude da escrita que ganha dimensão de mundos aos olhos que lêem. Palavras tão íntimas que constroem obras imaginárias em nossas mentes e tocam os nossos corações. Saí do CNSD como se tivesse revisitado todos os meus sonhos.
Como escrevem esses alunos! E se escrevem há uma nova maneira, que não é receita que vem em livros e nem fórmula de manuais, de mostrar para que servem letras de alfabeto, aonde cabem palavras, com que cores os verbos podem ser pintados, que jamais se resumirão em obsoletas sentenças completas. As respostas precisam dizer, não repetir modelos.
E me pergunto: que sintonia essa de unir linguagens tão distintas? Gêneros que dialogaram harmonicamente. Não tinha como não acabar em samba da melhor qualidade! Com sincopas em variações musicais nunca vistas, flanando pela poesia, trova, jornalismo, publicidade, nanocontos, autoretratos, gastronomia e, para o deleite da minha alma poética, um sopro de Gonçalves Dias, na paradinha melódica de Drummond. Inesquecível! Momentos de profunda beleza! De uma qualidade textual rara! Narradores que ainda estão em mim.
Por isso, quero cumprimentá-la, abraçar a todos os coordenadores e professores envolvidos no Projeto do Concurso Literário – “ O centenário do samba”, que me emocionou e renovou a crença de que é possível mudar as pessoas através das linguagens. O CNSD, mais uma vez, mostrou a sua singularidade plural , a sua capacidade de abrir um novo caminho, reafirmando o sonho da saudosa Irmã Cosmelli, luz a nos guiar na escuridão, de que é possível fazer a diferença para melhor. Obrigado por me permitir viver esses momentos. Foram inesquecíveis e ainda pulsam em mim. Que Deus ilumine o CNSD!
Beijos,
do amigo,
David Massena